Nos tempos atuais, todo o
trabalho de quantos se devotam à disseminação das teorias espiritistas deve ser
o de colaboração com os estudiosos da Verdade. Não é o desejo de proselitismo
ou de publicidade que os deve animar, porém, a boa-vontade em cooperar com os
seus atos, palavras e pensamentos, a favor da grande causa. Todos nós
objetivamos, com a nossa árdua tarefa, ampliar o conhecimento humano, com respeito
às realidades espirituais que constituem a vida em si mesma, a fim de que se organize
o ambiente favorável ao estabelecimento da verdadeira solidariedade entre os homens.
A FENOMENOLOGIA ESPÍRITA
A fenomenologia, nos domínios do
psiquismo, em vosso século, visa ao ensinamento, à formação da profunda
consciência espiritual da Humanidade, constituindo, desse modo, um curso
propedêutico para as grandes lições do porvir. f por essa razão que necessitamos
de operar ativamente para que a Ciência descubra, nos próprios planos físicos,
as afirmações de espiritualidade. Pode parecer que o materialismo separou para
sempre a Ciência da Fé; isso, porém, não aconteceu, e o nosso trabalho de agora
simboliza o esforço para que os investigadores cheguem a compreender o que o
Céu tem revelado em todos os tempos.
A PSICOLOGIA
E A “MENS SANA”
A psicologia antiga pecava
extremamente pela insuficiência dos seus métodos. O ser pensante achava-se,
para ela, isolado do corpo, estudando assim os seus fenômenos introspectivos de
maneira deficiente e imperfeita. A psicologia moderna vai mais longe. A sua
metodologia avançada estuda racionalmente todos os problemas da personalidade
humana, unindo os elementos materiais e espirituais, resolvendo uma das grandes
questões dos cientistas de antanho. O corpo nada mais é que o instrumento
passivo da alma, e da sua condição perfeita depende a perfeita exteriorização
das faculdades do espírito. Da cessação da atividade deste ou daquele centro
orgânico, resulta o término da manifestação que lhe é correspondente: dai
provém toda a verdade da “mens sana” e o grande subsídio que a psicologia
moderna fornece aos fisiologistas como guia esclarecedor da patogenia. O corpo
não está separado da alma; é a sua representação. As suas células são organizadas
segundo as disposições perispíriticas dos indivíduos, e o organismo doente retrata
um espírito enfermo. A patologia está orientada por elementos sutis, de ordem espiritual.
O PROGRESSO ANÍMICO
Os porquês da evolução anímica
devem impressionar a quantos se consagram ao estudo. Os progressos da vida
terrestre podem ser verificados pelos geólogos, pelos antropologistas. Há no
planeta toda uma escala grandiosa de ascensão. No fundo de vossos oceanos ainda
existem os infusórios, os organismos unicelulares, que remontam a um passado
multimilenário e cujo aparecimento é contemporâneo dos princípios da vida organizada
do orbe.
Que longa tem sido a trajetória
das almas!... A origem do princípio anímico perde-se dentro de uma noite de
labirintos; tudo, porém, dentro do dinamismo do Universo, se encadeia numa
ordem equânime e absoluta. Da irritabilidade à sensação, da sensação à
percepção, da percepção ao raciocínio, quantas distâncias preenchidas de lutas,
dores e sofrimentos!... Todavia, desses combates necessários promana o cabedal
de experiências do Espírito em sua evolução gloriosa. A racionalidade do homem
é a suprema expressão do progresso anímico que a Terra lhe pode prodigalizar;
ela simboliza uma auréola de poder e de liberdade que aumenta naturalmente os
seus deveres e responsabilidades. A conquista do livre-arbítrio compreende as
mais nobres obrigações. Chegado a esse ponto, o homem se encontra no limiar da
existência em outras esferas, onde a matéria rarefeita oferece novas
modalidades de vida, em outras mais sublimes manifestações, as quais escapam
naturalmente à insuficiência dos vossos sentidos.
AS REALIDADES DO FUTURO
Os Espíritos se regozijam a cada
novo passo de progresso da ciência humana, porque dos seus labores, das suas
dedicações, brotará o conhecimento superior, que felicitará os núcleos de
criaturas, porquanto ficará patente, plenamente evidenciada, a grande missão do
Espírito como elemento criador, organizador e conservador de todos os fenômenos
que regulam a vida material. Quanto mais avançam os cientistas, mais se
convencem das realidades de ordem subjetiva, nos fenômenos universais. As
palavras natureza, fatalismo, tônus vital não bastam para elucidar a alma
humana, quanto aos enigmas da sua existência: faz-se mister a intervenção das
sínteses espirituais, reveladoras das mais elevadas verdades. É para essas
grandiosas afirmações que trabalhamos em comum, e esse desiderato constituirá a
luminosa coroa da Ciência do porvir.
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