DETERMINISMO E LIVRE-ARBÍTRIO
Pergunta – O futuro, de um modo
geral, estará rigorosamente determinado, como parece demonstrado pelos
fenômenos ditos premonitórios, ou esses fenômenos envolvem um determinismo
conciliável com os dados imediatos da consciência sobre os quais são geralmente
estabelecidas as noções de liberdade e responsabilidade individuais? E em que
termos, nestes últimos casos, se exerce esse determinismo, do ponto de vista teleológico?
Resposta – Os seres da minha
esfera não conhecem o futuro, nem podem interferir nas coisas que lhe
pertencem. Acreditamos, todavia, que o porvir, sem estar rigorosamente determinado,
está previsto nas suas linhas gerais.
Imaginai um homem que fosse
efetuar uma viagem. Todo o seu trajeto está previsto: dia de partida, caminhos,
etapas, dia de chegada. Todas as atividades, contudo, no transcurso da viagem,
estão afetas ao viajante, que se pode desviar ou não do roteiro traçado, segundo
os ditames da sua vontade. Daí se infere que o livre-arbítrio é lei irrevogável
na esfera individual, perfeitamente separável das questões do destino, anteriormente
preparado. Os atas premonitórios são sempre dirigidos por entidades superiores,
que procuram demonstrar a verdade de que a criatura não se reduz a um complexo
de oxigênio, fosfato, etc., e que, além das percepções limitadas do homem físico,
estão as faculdades superiores do homem transcendente.
O TEMPO E O ESPAÇO
Pergunta – O espaço e o tempo
serão apenas formas viciosas do intelecto, ou terão uma expressão objetiva no
esquema da realidade pura? E, neste último caso, quais serão as relações
fundamentais entre espaço e tempo?
Resposta – No esquema das
realidades eternas e absolutas, tempo e espaço não têm expressões objetivas; se
são propriamente formas viciosas do vosso intelecto, elas são precisas ao homem
como expressões de controle dos fenômenos da sua existência. As figuras, em
cada plano de aperfeiçoamento da vida, são correspondentes à organização através
da qual o Espírito se manifesta.
ESPÍRITO E MATERIA
Pergunta – Será licito
considerar-se espírito e. matéria como dois estados alotrópicos de um só
elemento primordial, de maneira a obter-se a conciliação das duas escolas perpetuamente
em luta, dualista e monista, chegando-se a uma concepção unitária do Universo?
Resposta – É licito considerar-se
espírito e matéria como estados diversos de uma essência imutável, chegando-se
dessa forma a estabelecer a unidade substancial do Universo. Dentro, porém,
desse monismo físico-psíquico, perfeitamente conciliável com a doutrina
dualista, faz-se preciso considerar a matéria como o estado negativo e o
espírito como o estado positivo dessa substância. O ponto de integração dos
dois elementos estreitamente unidos em todos os planos do nosso relativo
conhecimento, ainda não o encontramos.
A ciência terrena, no estudo das
vibrações, chegará a conceber a unidade de todas as forças físicas e psíquicas
do Universo. O homem, porém, terá sempre um limite nas suas investigações sobre
a matéria e o movimento. Esse limite é determinado por leis sábias e justas,
mas, cientificamente poderemos classificar esse estado inibitório como oriundo
da estrutura do seu olho e da insuficiência das suas faculdades sensoriais.
O PRINCÍPIO DE UNIDADE
Pergunta – Todos nós temos
consciência dos princípios de unidade e variação, ou de universalidade e
individualidade, que funcionam juntos em nosso mundo. Onde se encontra o ponto
de interação, ou lugar de reunião desses dois termos opostos?
Resposta – Se temos aí
consciência dos princípios de unidade e variação, ainda aqui os observamos, sem
haver descoberto o seu ponto íntimo de união. Todavia, o princípio soberano de
unidade absorve todas as variações, crendo nós que, sem perdermos a consciência
individual no transcurso dos milênios, chegaremos a reunir-nos no grande
princípio da unidade, que é a perfeição.
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