Nenhuma expressão fornece imagem mais justa do
poder d’Aquele a quem todos os espíritos da Terra rendem culto do que a de
João, no seu Evangelho – “No princípio era o Verbo...”
Jesus, cuja perfeição se perde na noite
imperscrutável das eras, personificando a sabedoria e o amor, tem orientado
todo o desenvolvimento da Humanidade terrena, enviando os seus iluminados
mensageiros, em todos os tempos, aos agrupamentos humanos e, assim como
presidiu à formação do orbe, dirigindo, como Divino Inspirador, a quantos
colaboraram na tarefa da elaboração geológica do planeta e da disseminação da
vida em todos os laboratórios da Natureza, desde que o homem conquistou a
racionalidade, vem-lhe fornecendo a idéias da sua divina origem, o tesouro das
concepções de Deus e da imortalidade do espírito, revelando-lhe, em cada época,
aquilo que a sua compreensão pode abranger.
Em tempos remotos, quando os homens, fisicamente,
pouco dessemelhavam dos antropopitecos, suas manifestações de religiosidade
eram as mais bizarras, até que, transcorridos os anos, no labirinto dos
séculos, vieram entre as populações do orbe os primeiros organizadores do
pensamento religioso que, de acordo com a mentalidade geral, não conseguiram
escapar das concepções de ferocidade que caracterizavam aqueles seres egressos
do egoísmo animalesco da irracionalidade. Começaram aí os primeiros sacrifícios
de sangue aos ídolos de cada facção, crueldades mais longínquas que as
praticadas nos tempo de Baal, das quais tendes notícia pela História.
AS TRADIÇÕES RELIGIOSAS
Vamos encontrar, historicamente, as concepções mais
remotas da organização religiosa na civilização chinesa, nas tradições da índia
védica e bramânica, de onde também se irradiaram as primeiras lições do culto
dos mortos, na civilização resplandecente dos faraós, na Grécia com os
ensinamentos órficos e com a simbologia mitológica, existindo já grandes
mestres, isolados intelectualmente das massas, a quem ofereciam os seus ensinos
exóticos, conservando o seu saber de iniciados no círculo restrito daqueles que
os poderiam compreender devidamente.
OS MISSIONÁRIOS DO CRISTO
Fo-Hi, os compiladores dos Vedas, Confúcio, Hermes,
Pitágoras, Gautama, os seguidores dos mestres da antiguidade, todos foram
mensageiros de sabedoria que, encarnando em ambientes diversos, trouxeram ao
mundo a idéia de Deus e das leis morais a que os homens se devem submeter para
a obtenção de todos os primores da evolução espiritual. Todos foram mensageiros
dAquele que era o Verbo do Princípio, emissários da sua doutrina de amor. Em afinidade
com as características da civilização e dos costumes de cada povo, cada um
deles foi portador de uma expressão do “amai-vos uns aos outros”. Compelidos,
em razão do obscurantismo dos tempos, a revestir seus pensamentos com os véus
misteriosos dos símbolos, como os que se conheciam dentro dos rigores
iniciáticos, foram os missionários do Cristo preparadores dos seus gloriosos
caminhos.
A LEI MOSAICA
A lei mosaica foi a precursora direta do Evangelho
de Jesus. O protegido de Termutis, depois de se beneficiar com a cultura que o
Egito lhe podia prodigalizar, foi inspirado a reunir todos os elementos úteis à
sua grandiosa missão, vulgarizando o monoteísmo e estabelecendo o Decálogo, sob
a inspiração divina, cujas determinações são até hoje a edificação basilar da
Religião da Justiça e do Direito, se bem que as doutrinas antigas já tivessem
arraigado a crença de Deus único, sendo o politeísmo apenas uma questão
simbológica, apta a satisfazer à mentalidade geral.
A legislação de Moisés está cheia de lendas e de
crueldades compatíveis com a época, mas, escoimada de todos os comentários
fabulosos a seu respeito, a sua figura é, de fato, a de um homem
extraordinário, revestido dos mais elevados poderes espirituais. Foi o primeiro
a tornar acessíveis às massas populares os ensinamentos somente conseguidos à
custa de longa e penosa iniciação, com a síntese luminosa de grandes verdades.
JESUS
Com o nascimento de Jesus, há como que uma comunhão
direta do Céu com a Terra. Estranhas e admiráveis revelações perfumam as almas
e o Enviado oferece aos seres humanos toda a grandeza do seu amor, da sua
sabedoria e da sua misericórdia.
Aos corações abre-se nova torrente de esperanças e
a Humanidade, na Manjedoura, no Tabor e no Calvário, sente as manifestações da
vida celeste, sublime em sua gloriosa espiritualidade.
Com o tesouro dos seus exemplos e das suas
palavras, deixa o Mestre entre os homens a sua Boa Nova. O Evangelho do Cristo
é o transunto de todas as filosofias que procuram aprimorar o espírito,
norteando-lhe a vida e as aspirações.
Jesus foi a manifestação do amor de Deus, a
personificação de sua bondade infinita.
O EVANGELHO E O FUTURO
Raças e povos ainda existem, que o desconhecem,
porém não ignoram a lei de amor da sua doutrina, porque todos os homens
receberam, nas mais remotas plagas do orbe, as irradiações do seu espírito
misericordioso, através das palavras inspiradas dos seus mensageiros.
O Evangelho do Divino Mestre ainda encontrará, por
algum tempo, a resistência das trevas. A má-fé, a ignorância, a simonia, o
império da força conspiração contra ele, mas tempo virá em que a sua
ascendência será reconhecida. Nos dias de flagelo e de provações coletivas, é
para a sua luz eterna que a Humanidade se voltará, tomada de esperança. Então,
novamente se ouvirão as palavras benditas do Sermão da Montanha e, através das
planícies, dos montes e dos vales, o homem conhecerá o caminho, a verdade, a
vida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário