Grande será o dia em que todos os
homens reconhecerem sobre a matéria a soberana influência do Espírito.
Toda a imensa bagagem de
progresso das civilizações não se fez sem o princípio espiritual: dele, as
menores coisas dependeram, como ainda dependem; do seu reconhecimento, por
parte de quantos habitam o orbe, advirão os resplendores da época de luz e de
esclarecimento. Esse tempo há de assinalar a época da crença pura e
reconfortadora das almas, como manancial de esperanças; só esse surto de
espiritualidade pode vivificar as construções religiosas, combalidas atualmente
pelos abusos da grande maioria dos seus expositores, que, traindo os seus
compromissos, se desviaram do píncaro luminoso do exemplo para ochavascal de mesquinhas
materialidades.
OS MENDIGOS DA SABEDORIA
Nos últimos tempos, a sede humana
de saber o que existe além da Terra tem feito com que o homem engendre as mais
fantasiosas teorias concernentes aos mistérios do ser e do destino, sobre o
orbe terreno; no afã de estraçalhar os véus espessos que cobrem os enigmas da
sua evolução, muitos foram os que descambaram para terrenos perigosos, onde
encontram, apenas, os espinhos do ateísmo dissolvente. Esses Espíritos que, torturados
com os problemas da vida, aí se entregam à criação de engenhosos sistemas, afiguram-se-nos
desesperados à porta da sabedoria, orgulhosos na sua impotência e na sua
incapacidade.
Muitos deles, anos e anos,
persistem no mesmo trabalho e no mesmo esforço, alegando não terem encontrado o
espírito em suas indagações científicas, abandonando a vida material com um
passado que os encobre pela atividade, bem-intencionada, por eles despendida,
mas desolados, em reconhecendo infrutuosos os seus esforços, que outra coisa
não conseguiram senão lançar a descrença e a confusão nas almas.
INSUFICIÊNCIA SENSORIAL
Reconhecem, então, a
insuficiência sensorial que lhes obstava a compreensão do verdadeiro panorama
da vida, no seu desdobramento universal; sentem a exigüidade dos sentidos do
homem carnal e a relatividade de suas funções, ao penetrarem no domínio de vibrações
que se lhes conservaram inacessíveis, chegando à conclusão de que as filosofias
não podem ser substituídas pelas ciências positivas, e que sobre o mundo físico
e objetivo paira uma região transcendente, onde a investigação não se pode
fazer sentir, à falta de elementos de ordem material.
A INÚTIL TENTATIVA
É inútil a tentativa de
afastamento do Espírito na obra da evolução terrena. É ele, desde os primórdios
da Civilização, a alma de todas as realizações; e indestrutível é a doutrina biológica
do vitalismo, porque o sistema do monismo e o mecanicismo da seleção natural, se
satisfazem a algumas questões insuladas, não resolvem os problemas mais importantes
da vida.
O princípio das espécies, a
origem dos instintos, as organizações primitivas das raças, das sociedades e
das leis, só as teorias espiritualistas explicam satisfatoriamente.
TUDO É VIBRAÇÃO ESPIRITUAL
Já não nos referindo aos poderes
plásticos do Espírito, no tocante às questões fisiológicas, quais sejam as dos
fenômenos osmóticos, a autonomia de certos órgãos que parecem independentes na
sua ação dentro do organismo, o trabalho da célula que fabrica a antitoxina
apta a destruir o micróbio que a ataca, a estrutura do princípio fetal, os
sinais de nascença que a Ciência tem negado, baseando-se na ausência de ligação
nervosa entre o feto e o organismo materno, desçamos ao mundo zootécnico.
Somente a intervenção do princípio espiritual explica as metamorfoses dos
insetos, o mimetismo, como o embrião dos instintos e das possibilidades do
futuro. Tudo, nos domínios da matéria, se concatena e se reúne, sob a
orientação de um princípio estranho às suas qualidades amorfas.
A MATÉRIA
A matéria não organiza, é
organizada. E não representa senão uma modalidade da energia esparsa no
Universo. Os seus elementos não fazem outra coisa senão submeter-se às
injunções do Espírito; e é a soberana influência deste último que elucida todos
os problemas intrincados dos seres e dos destinos, É ao seu apelo, cedendo aos
seus desejos, que todas as matérias brutas se vêm rarefazendo, oferecendo
aspectos novos e delicados. A Civilização, as conquistas científicas e as
concepções religiosas representam o fruto dos labores dos Espíritos que, na
Terra, se iniciaram nos trabalhos que regeneram e aperfeiçoam. O que lhes
compete, na atualidade é o não estacionamento nos domínios conquistados,
laborando para que os ideais de justiça, de verdade e de paz se concretizem na
face do orbe. É nessa tarefa bendita que devem concentrar os seus esforços para
que o planeta terrestre não veja sucumbir, na aluvião de insânias das guerras,
o seu patrimônio de progressos, obtidos à custa de trabalhos penosos e ingentes
sacrifícios.
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