A RENOVAÇÃO DOS MÉTODOS DE CURA
Em todos os séculos tem-se
estudado o problema da saúde humana.
Até à metade do século XVIII,
admitia-se plenamente a medicina da Idade Média que, por sua vez, representava
quase integralmente o mesmo processo de cura dos egípcios, na antiguidade.
Todas as moléstias eram atribuídas à vacilação dos humores, baseando-se a maior
parte dos métodos terapêuticos na sangria e nas substâncias purgativas. No
século XIX, as grandes descobertas científicas eliminaram esses antigos
conhecimentos. Os aparelhos de laboratório perquirindo o mundo obscuro e
vastíssimo da microbiologia, as novas teses anatomopatológicas, apresentadas
pelos estudiosos do assunto, estabelecem, com a severidade das análises, que as
moléstias residem na modificação das partes sólidas do organismo,
abandonando-se a teoria da alteração dos humores. Os médicos esqueceram, então,
o estudo dos líquidos viciados do corpo, concentrando atenções e pesquisas na
lesão orgânica, criando novos métodos de cura.
OS PROBLEMAS CLÍNICOS
INQUIETANTES
Não obstante a nobreza e a
sublimidade da missão de quantos se entregam ao sagrado labor de aliviar as
amarguras alheias ai no mundo, reconhecemos que muitos estudiosos perdem um
tempo precioso, mergulhados na discussão de mesquinhas rivalidades
profissionais, quando não se acham atolados no pântano dos interesses
exclusivistas e particulares, desconhecendo a grandiosidade espiritual do seu
sacerdócio.
O que se torna altamente
necessário nos tempos modernos é reconhecer-se, acima de todos os processos
artificiais de cura da atualidade, o método indispensável da medicina natural, com
suas potencialidades infinitas.
Analisando-se todos os
descobrimentos notáveis dos sistemas terapêuticos dos vossos dias, orientados
pelas doutrinas mais avançadas, em virtude dos novos conhecimentos humanos com
respeito à bacteriologia, à biologia, à química, etc., reconhecemos que, com
exceção da cirurgia, que teve com Ambroise Paré, e outros inteligentes
cirurgiões de guerra, o mais amplo dos desenvolvimentos, pouco têm adiantado os
homens na solução dos problemas da cura, dentro dos dispositivos da medicina
artificial por eles inventada. Apesar do concurso precioso do microscópio,
existem hoje questões clínicas tão inquietantes, como há duzentos anos. Os
progressos regulares que se verificam na questão angustiosíssima do câncer e da
lepra, da tuberculose e de outras enfermidades contagiosas, não foram além das
medidas preconizadas pela medicina natural, baseadas na profilaxia e na
higiene. Os investigadores puderam vislumbrar o mundo microbiano sem saber
eliminá-la. Se foi possível devassar o mistério da Natureza, a mentalidade
humana ainda não conseguiu apreender o mecanismo das suas leis. O que os
estudiosos, com poucas exceções, se satisfazem com o mundo aparente das formas,
demorando-se nas expressões exteriores, incapazes de uma excursão espiritual no
domínio das origens profundas. Sondam os fenômenos sem lhes auscultarem as causas
divinas.
MEDICINA
ESPIRITUAL
A saúde humana nunca será o
produto de comprimidos, de anestésicos, de soros, de alimentação
artificialíssima. O homem terá de voltar os olhos para a terapêutica natural,
que reside em si mesmo, na sua personalidade e no seu meio ambiente. Há
necessidade, nos tempos atuais, de se extinguirem os absurdos da “fisiologia
dirigida”. A medicina precisa criar os processos naturais de equilíbrio psíquico,
em cujo organismo, se bem que remoto para assuas atividades anatômicas, se
localizam todas as causas dos fenômenos orgânicos tangíveis. A medicina do
futuro terá de ser eminentemente espiritual, posição difícil de ser atualmente
alcançada, em razão da febre maldita do ouro; mas os apóstolos dessas realidades
grandiosas não tardarão a surgir nos horizontes acadêmicos do mundo, testemunhando
o novo ciclo evolutivo da Humanidade. O estado precário da saúde dos homens,
nos dias que passam, tem o seu ascendente na longa série de abusos individuais
e coletivos das criaturas, desviadas da lei sábia e justa da Natureza. A
Civilização, na sua sede de bem-estar, parece haver homologado todos os vícios
da alimentação, dos costumes, do sexo e do trabalho. Todavia, os homens
caminham para as mais profundas sínteses espirituais. A máquina, que
estabeleceu tanta miséria no mundo, suprimindo o operário e intensificando a
facilidade da produção, há de trazer, igualmente, uma nova concepção da civilização
que multiplicou os requintes do gosto humano, complicando os problemas de saúde;
há de ensinar às criaturas a maneira de viverem em harmonia com a Natureza.
O MUNDO MARCHA PARA A SÍNTESE
Marcha-se para a síntese e não
deve causar surpresa a ninguém a minha assertiva de que não vos achais na época
em que a ciência prática da vida vos ensinará o método do equilíbrio perfeito,
em matéria de saúde. Os corpos humanos serão alimentados, segundo as suas necessidades
especiais, sem dispêndio excessivo de energias orgânicas. As proteínas, os hidratos
de carbono e as gorduras, que constituem as matérias-primas para a produção de calorias
necessárias à conservação do vosso corpo e que representam o celeiro das economias
físicas do vosso organismo, não serão tomados de maneira a prejudicar-se o metabolismo,
estabelecendo-se, dessa forma, uma harmonia perfeita no complexo celular da vossa
personalidade tangível, harmonia essa que perdurará até o fenômeno da desencarnação.
Mas, todas essas exposições
objetivam a necessidade de aplicarmos largamente as nossas possibilidades na
solução dos problemas humanos para a melhoria do futuro.
É verdade que, por muito tempo
ainda, teremos, em oposição ao nosso idealismo, a questão do interesse e do
dinheiro, porém, trabalhemos confiantes na misericórdia divina.
Emprestemos o nosso concurso a
todas as iniciativas que nobilitem o penoso esforço das coletividades humanas,
e não olvidemos que todo bem praticado reverterá em benefício da nossa própria
individualidade.
Trabalhemos sempre com o
pensamento voltado para Jesus, reconhecendo que a preguiça, a suscetibilidade e
a impaciência nunca foram atributos das almas desassombradas e valorosas.
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