A permissão de Deus para que nos
manifestássemos ostensivamente, entre os agrupamentos dos nossos irmãos
encarnados, chegou, justamente, a seu tempo, quando o espírito humano despido
das vestes da puberdade, com o juízo amadurecido para assimilar algo da Verdade,
tateava entre vacilações e incertezas, estabelecidas pela investigação da
Ciência, sem conseguir adaptar-se ao demasiado simbolismo das idéias religiosas,
latentes na alma humana, desde os tempos primevos dos trogloditas.
Justamente na época requerida,
consoante as profecias do Divino Mestre, derramou-se da sua luz sobre toda a
carne, e os emissários do Alto, segundo as suas possibilidades e aos méritos
individuais, têm auxiliado a ascensão dos conhecimentos humanos para os planos
elevados da espiritualidade.
A CONCEPÇÃO
DA DIVINDADE
Desde as eras primárias da
Civilização, a idéia de um poder superior, interferindo nas questões mundanas,
vem guiando o homem através dos seus caminhos e a Religião sempre constituiu o
maior fator da moral social, se bem que apresentasse a divindade à semelhança
do homem, em seus ensinamentos exotéricos.
O Cristianismo, inaugurando um
novo ciclo de progresso espiritual, renovou as concepções de Deus no seio das
idéias religiosas; todavia, após a sua propagação, várias foram as
interpretações escriturísticas, dado azo a que as facções sectaristas tentassem
isoladamente, ser as suas únicas representantes; a Igreja Católica e as
numerosas seitas protestantes, nascidas do ambiente por ela formado, têm levado
longe a luta religiosa, esquecidas de que a Providência Divina é Amor.
Estabeleceram com a sua acanhada hermenêutica os dogmas de fé, nutrindo-se das
fortunas iníquas a que se referem os Evangelhos, prejudicando os necessitados e
os infelizes.
A FÉ ANTE A
CIÊNCIA
Mas, como o progresso não conhece
obstáculos, os artigos de fé equivaleram a estagnações isoladas. Se conseguiram
satisfazer à Humanidade em um período mais ou menos remoto da sua evolução,
caducaram desde que o laboratório obscureceu a sacristia.
A Ciência desvendou o espírito
humano as perspectivas inconcebíveis do Infinito; o telescópio descortinou a
grandeza do Universo e os novos conhecimentos cosmogônicos demandaram outra
concepção do Criador. Desvendando, paulatinamente, as sublimes grandiosidades
da natureza invisível, a Ciência embriagou-se com a beleza de tão lindos mistérios
e estabeleceu o caminho positivo para encontrar Deus, como descobrira o mundo
microbiano, ao preço de acuradas perquirições. É que a Divindade das religiões vigentes
era defeituosa e deformada pelos seus atributos exclusivamente humanos; as igrejas
estavam acorrentadas ao dogmatismo e escravizadas aos interesses do mundo. A confusão
estabeleceu-se. Foi quando o Espiritismo fez sentir mais claramente a grandeza do
seu ensinamento, dirigindo-se não só ao coração, mas igualmente ao raciocínio.
O céu descerrou um fragmento do seu mistério e a voz dos Espaços se fez ouvir.
OS ESCLARECIMENTOS DO ESPIRITISMO
Foi assim que a religião da
verdade surgiu na Terra, no momento oportuno. As Igrejas estagnadas
encontravam-se no obsoletismo, incapazes de sancionar as idéias novas, vivendo
quase que exclusivamente das suas características de materialidade e do seu simbolismo,
terminado o tempo de sua necessária influência no mundo. As conquistas científicas
não se coadunavam n com o espírito dogmático, e o Espiritismo, com as suas lições
magníficas, alargou infinitamente a perspectiva da vida universal. Explicando e
provando que a existência não se observa somente na face da Terra opaca e cheia
de dores.
Há céus inumeráveis e inumeráveis
mundos onde a vida palpita numa eterna mocidade; todos eles se encadeiam, se
abraçam dentro do magnetismo universal, vivificados pela luz, imagem real da
alma Divina, presente em toda parte.
A carne é uma vestimenta
temporária, organizada segundo a vibração espiritual, e essa mesma vibração
esclarece todos os enigmas da matéria.
NÓS VIVEREMOS ETERNAMENTE
A Doutrina dos Espíritos, pois,
veio desvendar ao homem o panorama da sua evolução e esclarece-lo no problema
das suas responsabilidades, porque a vida não é privilégio da Terra obscura,
mas a manifestação do Criador em todos os recantos do Universo.
Nós viveremos eternamente,
através do Infinito e o conhecimento da imortalidade expõe os nossos deveres de
solidariedade para com todos os seres, em nosso caminho; por esta razão, a
Doutrina Espiritista é uma síntese gloriosa de fraternidade e de amor. O seu grande
objeto é esclarecer a inteligência humana. Oxalá possam os homens compreender a
excelsitude do ensinamento dos Espíritos e aproveitar o fruto bendito das suas
experiências; com o entendimento esclarecido, interpretarão com fidelidade o
“Amai-vos uns aos outros”, em sua profunda significação.
Os instrutores dos planos
espirituais, em que nos achamos, regozijam-se com todos os triunfos da vossa
ciência, porque toda conquista importa em grande e abençoado esforço e, pelo
trabalho perseverante, o homem conhecerá todas as leis que lhe presidem ao destino.
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