Todas as teorias que pretendem
elucidar os fenômenos mediúnicos, alheios à Doutrina Espiritista, pecam pela
insuficiência e falsidade.
Em vão, procura-se complicar a
questão com termos rebuscados, apresentando-se as hipóteses mais descabidas e
absurdas, porquanto os conhecimentos hodiernos da Física, da Fisiologia e da
Psicologia não explicam fatos como os de levitação, de materialização, de
natureza, afinal, genuinamente espírita.
Para a ciência anquilosada nas
concepções dogmáticas de cada escola, a fenomenologia mediúnica não deve
constituir objeto de ridículo e de zombaria, mas sim um amontoado de materiais
preciosos à sua observação.
Felizmente, se muitos dos
pesquisadores criaram os mais complicados sistemas elucidativos, cheios de
extravagância nas suas enganadoras ilações, alguns deles, desassombradamente,
têm colaborado com a filosofia espiritualista para a consecução dos seus planos
grandiosos, que implicam a felicidade humana.
A SUBCONSCIÊNCIA
A subconsciência, tão investigada
em vosso tempo, não elucida os problemas dos chamados fenômenos intelectuais.
Estudos levados a efeito sobre essa câmara escura da mente são ainda mal
orientados, apesar disso, muitas teorias apressadas presumem explicar todo o
mediunismo com a sua estranha influência sobre o “eu” consciente. De fato,
existem fenômenos subliminais; todavia, a subconsciência é o acervo de experiências
realizadas pelo o ser em suas existências passadas. O Espírito, no labor incessante
de suas múltiplas existências, vai ajudando as séries de suas conquistas, de suas
possibilidades, de seus trabalhos; no seu cérebro espiritual organiza-se,
então, essa consciência profunda, em cujos domínios misteriosos se vão
arquivando as recordações, e a alma, em cada etapa da sua vida imortal, renasce
para uma nova conquista, objetivando sempre o aperfeiçoamento supremo.
O OLVIDO TEMPORÁRIO
O esquecimento, nessas
existências fragmentárias, obedecendo ás leis superiores que presidem ao
destino, representa a diminuição do estado vibratório do Espírito, em contato
com a matéria. Esse olvido é necessário, e, afastando-se os benefícios
espirituais que essa questão implica, à luz das concepções cientificas, pode
esse problemas ser estudado atenciosamente.
Tomando um novo corpo, a alma tem
necessidade de adaptar-se a esse instrumento. Precisa abandonar a bagagem dos
seus vícios, dos seus defeitos, das suas lembranças nocivas, das suas
vicissitudes nos pretéritos tenebrosos. Necessita de nova virgindade; um
instrumento virgem lhe é então fornecido. Os neurônios desse novo cérebro fazem
a função de aparelhos quebradores da luz; o sensório limita as percepções do
Espírito, e ,somente assim, pode o ser reconstruir o seu destino. Para que o
homem colha benefícios da sua vida temporária, faz-se mister que assim seja.
Sua consciência é apenas a parte
emergente da sua consciência espiritual; seus sentidos constituem apenas o
necessário à sua evolução no plano terrestre. Daí, a exiguidade das suas
percepções visuais e auditivas, em relação ao número inconcebível de vibrações que
o cercam.
AS RECORDAÇÕES
Todavia, dentro dessa obscuridade
requerida pela sua necessidade de estudo e desenvolvimento, experimenta a alma,
ás vezes, uma sensação indefinível... é uma vocação inata que impele para esse
ou aquele caminho; é uma saudade vaga e incompreensível, que a persegue nas
suas meditações; são os fenômenos introspectivos, que a assediam frequentemente.
Nesses momentos, uma luz vaga da
subconsciência atravessa a câmara de sombras, impostas pelas células cerebrais,
e, através dessa luz coada, entra o Espírito em vaga relação com o seu passado
longínquo; tais fatos são vulgares nos seres evolvidos, sobre quem a carne já
não exerce atuação invencível. Nesses vagos instantes, parece que a alma
encarnada ouve o tropel das lembranças que passam em revoada; aversões antigas,
amores santificantes, gostos aprimorados, de tudo aparece numa fração no seu mundo
consciente; mas, faz-se mister olvidar o passado para que alcance êxito na
luta.
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