Não poucas vezes vos preocupais,
nas lides planetárias, com as provações necessárias, que julgais excessivas
para as vossas forças.
Crede! O fardo que faz vergar os
vossos ombros não é demasiado para as vossas possibilidades. Deus tudo prevê e,
sobretudo, a escolha de semelhantes provações é uma questão de preferência
individual; é frequente a vossa incompreensão a respeito desse ensinamento espiritualista.
Estais, porém, entre as masmorras
da carne, a vossa consciência limitada frequentemente se nega a encarar a luz
em todos os seus divinos resplendores.
A VIDA
VERDADEIRA
Somente fora da existência
material podeis refletir acertadamente sobre a verdade. Apenas a vida
espiritual é verdadeira e eterna.
E estais certos de que, com a
satisfação dos menores caprichos sobre a face do mundo, poderíeis adquirir
elementos meritórios para a existência real? O gozo reiterado não vos enlaçaria,
mais ainda, na trama da carne passageira? Sabeis se poderíeis suportar a riqueza
sem os desregramentos, a mesa lauta sem os desvios da gula, a posse sem o egoísmo,
o bem-estar próprio com o interesse caridoso pela sorte dos outros seres?
Ponderai tudo isso e descobrireis
o motivo pelo qual a quase totalidade dos seres humanos escolheu o cenário
obscuro e triste das dores para argamassar o tesouro de suas felicidades
imorredouras e o patrimônio de suas aquisições espirituais.
A ESCOLHA
DAS PROVAÇÕES
Várias vezes já têm sido
repetidos os ensinamentos que estou transmitindo sobre as provações terrenas de
cada indivíduo.
Muito antes da encarnação, o
Espírito faz o cômputo de suas possibilidades, estuda o caminho que melhor se
lhe afigura na luta da perfectibilidade e, de acordo com as suas vocações e
segundo o grau de evolução já alcançado, escolhe, em plena posse de sua consciência,
a estrada que se lhe desenha no porvir, fecunda de progressos espirituais.
Dentro do infinito do Universo e
com as faculdades integrais do seu próprio “eu”, reconhece a alma que somente a
luta lhe oferta inúmeras possibilidades de evolução, em todos os setores da
atividade humana; e, dai, a preferência pelos ambientes de dor e privação,
abençoados corretivos que a Providência lhe oferece para a redenção do passado
ou para o desenvolvimento das suas forças latentes e imprecisas; cada Espírito,
voluntariamente, escolhe as suas sendas futuras, conforme o seu progresso e de
acordo com os desígnios superiores.
O ESQUECIMENTO DO PASSADO
Na existência corporal, todavia,
a alma sente a memória obscurecida, num olvido quase total do passado, a fim de
que os seus esforços se valorizem; a consciência então é fragmentária, parcial,
porquanto as suas faculdades estão eclipsadas pelos pesados véus da matéria, os
quais atenuam ao mínimo as suas vibrações, constituindo, porém, esses poderes
prodigiosos, mas ocultos, as extraordinárias possibilidades da vasta subconsciência,
que os cientistas do século estudam acuradamente.
Tais forças e progressos adquiridos,
o Espírito jamais os perde; são parte integrante do seu patrimônio e, na vida
material, podem emergir no exercício da mediunidade, nas hipnoses profundas, ou
em outras circunstâncias que facilitam o desprendimento temporário dos
elementos psíquicos.
O HOMEM E SEU DESTINO
Isoladamente, cada um tem no
planeta o mapa das suas lutas e dos seus serviços. O berço de todo homem é o
princípio de um labirinto de tentações e de dores, inerentes à própria vida na
esfera terrestre, labirinto por ele mesmo traçado e que necessita palmilhar com intrepidez moral.
Portanto, qualquer alma tem o seu
destino traçado sob o ponto de vista do trabalho e do sofrimento, e, sem
paradoxos, tem de combater com o seu próprio destino, porque o homem não nasceu
para ser vencido; todo espírito labora para dominar a matéria e triunfar dos
seus impulsos inferiores.
A VIDA É
SEMPRE AMOR
É dessa verdade que necessitais
convencer-vos. Existe a provação e faz-se mister não se entregar inteiramente a
ela. O espírito ordena e o corpo obedece. A luta é o meio para o êxito na
conquista da vida. E a vida integral não é a existência terrena, repleta de vicissitudes
sem conta; é a glorificação do amor, da atividade, da luz, de tudo quanto é nobre
e belo no Universo; e a consciência é o laço que liga cada espírito a esse “nec
plus ultra” que denominamos – a Eternidade.
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